Este é um texto sobre como o BDSM contribuiu para eu ter uma vida amorosa mais significativa e fortalecer minha autoestima. As influências desta referência aparecem de forma sutil nas obras de arte do projeto “As muitas nuances do amor”, que está em fase de captação de recursos e você pode contribuir para a realização dele. Saiba como aqui. Você não precisa entender ou concordar com minhas vivências para contribuir, porque faço arte - e conteúdo - para gerar reflexão, não para definir como os outros devem viver suas vidas. Eu sei que minhas experiências e pontos de vista são válidos, e que, para alguns, eles podem significar algo muito diferente da realidade que conhecem, gerando reflexões que contribuam com seu desenvolvimento pessoal.
Saber o que é BDSM é irrelevante para entender o contexto deste post. Se tiver curiosidade, siga meus perfis nas redes sociais que em outras oportunidades posso falar mais sobre o tema.
Eu sou Nycka Nunes, sou artista visual e neste blog compartilho minhas experiências de vida, reflexões, viagens, inspirações e outras questões ligadas ao meu trabalho artístico.
- O BDSM foi meu primeiro passo para conhecer os relacionamentos não monogâmicos éticos, e encontrar referências de relacionamentos que fizessem sentido pra mim. Quando conhecemos somente uma opção, achamos que vivemos uma escolha, mas na realidade vivemos sem escolha. Eu nunca vi sentido em relacionamentos monogâmicos, em largar uma pessoa que amamos porque também amamos uma segunda pessoa. Tenho isso em mente desde o início da adolescência e enquanto tentei ser monogâmica por falta de conhecimento de outras opções, e falta de autoestima pra me posicionar e expressar este meu pensamento, meus relacionamentos não duravam e eram vazios.
- O BDSM também foi o primeiro passo pra eu colocar meu prazer em primeiro lugar. Vindo de uma família parcialmente abusiva, e infelizmente convivendo muito mais com a parte abusiva, isso significa muito.
- O BDSM contribuiu para eu ter uma vida sexual mais criativa. Até ali, sexo com homens era algo mecânico e chato porque a maioria deles tem um script baseado em pornô como referência e não consideram o prazer da mulher com quem estão. Apenas agem como se fossemos todas iguais. Eu ainda não me permitia viver experiências com mulheres e não tinha muito conhecimento sobre o que me dava prazer para orientá-los.
- Certa vez, conversando com uma Domme, ela comentou que tinha vontade de usar roupas de couro o tempo todo. Eu, sendo stylist na época, não entendi o que a impedia. Talvez o tipo de roupa de couro que ela tinha em mente fosse diferente do que eu sabia ser apropriado o bastante pra a atividade profissional dela (que exigia trajes formais, e existem roupas de couro formais!). Aquela conversa, aliada a outras coisas relacionadas ao meu processo de cura dos abusos familiares, me fez perceber que eu não quero viver escondida, ser uma Domme que o namorado finge ser machão em público e vira um cachorrinho entre 4 paredes, ou que tem subs que só me servem em encontros casuais. Eu nem gosto do estereótipo de homem machão. E eu também não gosto desse teatro e gosto de envolvimento emocional real. Um homem submisso à sua mulher não é um homem que seja submisso a tudo e a todos, é um homem que coloca o prazer da sua companheira em primeiro lugar e tem prazer nisso.
- Não sou particularmente atraída por crossdressing. Eu gosto de homens que tenham seu lado feminino bem resolvido, que não forcem pra parecer machos, nem tenham fixação por um estereótipo de feminilidade. Homem que não tem medo de ser autêntico, não tem frescura de “o que os outros vão pensar?” E não se prende a estereótipos, a um manual de “como ser homem” ensinado por pais de mentalidade limitada. Vejo crossdressing e transexualidade como formas de estereotipar gêneros e isso vai contra qualquer noção de autenticidade (minha obra “Unyckeness" trata desse tema).
- Ao ampliar meu repertório através do conhecimento sobre relacionamentos não monogâmicos éticos e do BDSM, eu tive exemplos claros pra reforçar a crença que ser como sou é perfeitamente normal e aceitável, e que seguir a boiada sem que isso seja uma escolha de fato, somente pra se ajustar, é um desrespeito a si mesmo.
- Vencendo os sentimentos de não me encaixar no mundo, percebi que amor sozinho não basta pra um relacionamento funcionar. É preciso outros elementos importantes. E passei a avaliar tais elementos quando conheço alguém.
Acredito que ampliar o próprio repertório em vários campos da vida seja importante para qualquer ser humano ter uma vida significativa, e não apenas uma vida de robô, que só sabe seguir a boiada sem saber onde vai parar. E apreciar arte tem a ver com apreciar o raciocínio crítico e a própria habilidade de ampliar seu repertório e tomar decisões conscientes.
Leia a página “Maecenasship" para saber como apoiar meu trabalho. Para comprar obras de arte já criadas, leia a página “Buy art here”. Para encomendar obras de arte exclusivas, um ensaio fotográfico artístico, e outros serviços, veja a página de serviços.
Aos que acham que falar de minhas experiências amorosas e sexuais é falar demais, eu acho que não falar disso é se reprimir demais.
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Nycka Nunes
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